sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Cheiro de dezembro

Em meio a recordações da infância, estão os dias de dezembro. Eles anunciavam as alegrias que compunham minha vida: férias escolares, ida à praia do Sossego e o Natal. Ah, o Natal!
Dezembro tinha cheiro e cor. Eu, sinestesicamente, sentia a aproximação do mês. O dia mudava de cor, o Sol coloria de jeito especial as manhãs e as tardes, as idas à escola eram mais rápidas, e o melhor: a árvore de Natal começava a ser armada.
Árvore de Natal como a nossa, ninguém possuía. Papai havia cortado um galho de uma mangueira, mamãe envolvia-os com algodão e nós íamos colocando os enfeites, que todo ano eram envoltos cuidadosamente em jornal e guardados para o Natal seguinte. Eram bolas, anjos e arranjos.
À noite, sentávamos diante da árvore e brincávamos de adivinhar as cores dos enfeites mais do que decorados em nossa memória.
Mamãe comprava-nos presentes, ela também preparava o jantar e eu, mais do que os outros, esperava ansiosa a chegada de parentes. Em especial minha madrinha, já que com ela outro presente viria.
Me lembro de uma boneca que ganhamos, eu e minha irmã. Era uma "Beijoca",de apavorantes olhos azuis e que lançava beijos estalados quando lhe apertavam os braços. Odiei o presente. Nasci menina-diaba, não queria bonecas, queria carrinhos! Mas isso era coisa de menino...
Dezembro tinha cheiro e cor. E eu era muito, muito feliz!

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